30 de set. de 2009

O Silêncio Destes Dias

Ela todos os dias, quando o encontrava, fazia como se ele quase não existisse. Um “oi” sempre ele dizia, e um “olá” sempre recebia, porém, nada mais do que isto. Ela, com os outros, conversava brandamente, mas sem aproveitar muito da oportunidade, como se algo estivesse lembrando-a para não se divertir tanto. Lembrava ele dos dias em que brigavam por besteiras e depois faziam as pazes, assim ficando contentes. Hoje, nem brigar fazem, é apenas o quase eterno silêncio.
Era um dia chuvoso. Ele acabara de chegar ao colégio. Deu seus cumprimentos aos conhecidos que cruzavam lentamente pelo corredor, até a hora em que avistou-a sentada em um trecho do mesmo.Olhou ele para baixo, avistando os curtos cabelos que cobriam aqueles olhos guarnecidos de óculos. Sentiu ela a presença dele, e assim, deu um sórdido “oi, tudo bem?”, desviando sempre seu olhar.
Aprendera ele em todo este tempo de sofrimento que não responder mais seria uma boa opção. Porém, a simpatia por ela, mesmo em todas estas circunstâncias, era tanta, que ele quis responder. E foi isso que ele fez.
“Olá. Tudo,” disse, sentando ao lado dela, no chão, como todos os dias.
Ela estava a ler um de seus livros favoritos, denominado “Fortaleza Digital”, escrito pelo respeitado Dan Brown.
Ele pensou logo que queria ao menos achar algo para poder arrancar uma conversa dela, no entanto, tarefa esta era difícil, pois o nível de bloqueio interacional que ela tinha imposto contra ele era imenso.
Os olhos da garota demonstravam concentração em sua tarefa de devorar as páginas rapidamente, mas pareciam preocupados em algo que ao mesmo tempo não ficara de forma alguma em segundo plano.
Um garoto chegou e ficou de pé ao outro lado da garota. Ela logo cessou a leitura, direcionando seu olhar a ele, dando outro “bom dia”.
“Bom dia. Você sabe onde será a aula? Estou meio confuso, disseram que era na sala de multimídia, mas se não me engano, a professora tinha dito que era no laboratório...” falou o garoto, meio confuso.
“Bom dia, Ivan. Ah, sim, a aula. Bom... pelo que eu me lembre, era para ser na sala de multimídia,” respondeu ela, com um tom sereno e contente.
"Obrigado. Você fez aquela lista que o professor de química passou?” continuou Ivan a conversa.
“Sim, sim. Por quê? Está com alguma dúvida que eu possa tirar?” prestativa falou. Sempre gostava de ajudar aos colegas de classe quando em relação a questões acadêmicas. Afinal, exemplar ela era, tirando notas baixas somente em casos raros.
“É, pois tenho.” Ivan contava as dúvidas uma por uma, e nesta medida iam sendo esclarecidas estas. Os olhos da garota já não estavam vazios, pois em trabalho constante estavam, olhando hora para Ivan, outra para o caderno dele. Enquanto isto, o garoto sentado ao seu lado estava em simples indagação de como pode uma pessoa ser assim com uma, e com a outra totalmente diferente. Ele nunca entendera totalmente quanto aos aspectos psicológicos de garotas, muito menos agora iria.
“Era só isso mesmo as dúvidas, obrigado,” Ivan agradeceu.
“De nada, Ivan. Qualquer hora é só pedir,” falou a garota.
Ivan assim seguiu rumo à sala de multimídia, e ela voltou à sua leitura.
O garoto ficou estático, ainda procurando assunto, sem sucesso. Sua preocupação não causava nenhum sintoma físico, e conseqüentemente o transtorno era voltado diretamente à sua mente. Nela, perguntas e semi-respostas eram formuladas para ajudar em seu transtorno e logo tragadas eram pela insegurança. Em sua mente, seu refúgio, seu apoio, ele não encontrava mais o que queria. O que ele sentia era somente um vazio. O vazio torturava-o profundamente. Ele queria de qualquer forma acabar com isto, mas não conseguia.
Enquanto isto, na impenetrável cidadela de seus pensamentos, a garota aos poucos se incomodava com a presença do ser ao seu lado. Ela logo se levantou, pegou sua mochila, pôs-a em suas costas, e seguiu o mesmo caminho que Ivan. O garoto, ao ouvir o sinal para o começo da aula, também se pôs a andar.
Tão calados, calmos e tortuosos eram estes dias, onde o que se queria ouvir não existia. Pela primeira vez, o silêncio era algo que perturbava.

Nikku

29 de set. de 2009

Bater

A sua língua pulsante
Perfura as mentes inocentes.
Escarnas a todos
Desencadeias o caos
É... Vejo que és perspicaz
Ambos somos.
A l v o respeitável
Mesmo tendo transgredido
Não sou eu quem aprontará
A receita da punição.

(Sim, Eles virão atrás de você)

[Des]Cuide-se.

Nikku

28 de set. de 2009

Neblina


"Uma menina estava chorando com um doce de maçã na mão...
Andando no crepúsculo
Ela disse, "onde está a mamãe?"
Seus olhos e a forma da lua queimam em minha cabeça
E eu seguro você

É agosto, quando na colina de Guion
Os insetos começam a gritar na loja de leques
O alegre mês de maio pelo qual essa criança está esperando
Não virá

Balões de papel voam altos no céu;
Lá as lágrimas alagam com
Memórias do doce vermelho
Enquanto eles derretem até desaparecerem

Eu acordo
Às quatro horas da manhã com o som de um choro fino
Eu ponho a criança para dormir lendo seu livro favorito
No meio da escuridão
Adeus

Balões de papel voam altos no céu;
Lá as lágrimas alagam com
Memórias do doce vermelho
Enquanto eles derretem até desaparecerem

Quantos anos mais levarão para que as lágrimas acabem?
O sol se põe.
Debaixo da terra está a verdade, e...

Uma hora da tarde, nenhum som do vento pode ser ouvido
O corpo dela, até hoje, jaz bem quieto,
Debaixo do tatami"

27 de set. de 2009

Princesa


Era uma noite de neve. Seus cabelos estavam gelados, coitada. O frio nunca a confortara em nenhum dos momentos de sua breve vida. O cômodo era esparso da branca neve que infiltrava-se lentamente pela brecha da janela. Ações agressivas eram detectadas com um vislumbre do espaço. Uma goteira de água que ia se congelando aos poucos era constatada debruçando-se do teto.
No canteiro do quarto, havia uma pequena boneca, a brincar com seu jogo de chá favorito, “Outro cubo de açúcar, sim?”. Seus olhos esbugalhados incandesciam a atmosfera fria e suja. Uma melodia sonolenta lambia as paredes do lugar. A boneca parecia não se importar com o ser de gélidos cabelos que um pouco ao centro do espaço descansava. De vez em quando, ela soltava risos de criança. Parecia estar se divertindo muito, tomando chá, e brincando com as presenças ausentes do local. “Isso é verdade? Ela está realmente... ?” Um silêncio pesado se fez. A boneca manteu seu corpo imóvel, enquanto girava vagarosamente sua cabeça cento e oitenta graus, em direção ao corpo, “Ouvi dizer que seu espírito não se encontra mais aqui.”
Com uma longa pausa, só o cintilar dos flocos de neve quebravam a imobilidade do ambiente. “Pois bem, deve ser verdade. Pequena lástima esta. Esperava poder brincar contigo também.”
Estudando melhor o corpo, a boneca chegou a conclusões exatas, “Só podia. Você é uma humana. Vocês só fazem apodrecer, e apodrecer. Quando vivos, apodrecem tudo ao seu redor. Quando mortos, apodrecem a si mesmos. Se eu fosse dotada de algum sentimento, diria que este teria como nome ‘repulsa’.”
A figura de cabelos gélidos, debaixo dos mesmos, apresentava uma expressão de horror. Seus lábios roxos e pele cadavérica mesclavam em um jogo perfeito de beleza e decomposição. A música incessante e sonolenta rodopiava lentamente pelo ar. Um grito advindo da boneca apareceu, “Patético!”.
E assim continuou seu jogo de risos vazios e contemplações precisas.

Nikku

26 de set. de 2009

- Hoje foi um dia bom?
- O seu foi?
- Não sei...
- Realmente, eu também não sei.
- É algum crime não saber?
- Vejo que não me entendeu...







(Todos eles entendem).

Nikku

25 de set. de 2009

"Pesadelo... Venha, coma o doce!
(...)
Pesadelo... Venha, lamba o doce!"
-O que era?
- O quê?
-Aquilo?
-...
-Anda!
-Nada...
- Cachorros...
-Onde?
-Morreram.
- Vieram de marte.

Nikku

24 de set. de 2009

Vislumbre



Não são mais audíveis os pensamentos
O sol hoje se encontra enroscado em suas feridas
Os livros perderam suas vozes
Um esforço é manipulado,
Mas a paciência tem limites.
Coelhos de pelúcia tramam escondidos,
Desejos na madrugada serão atendidos.
O visível agora é invisível
Aos olhos de quem escuta a música pulsante.
Lembranças , profundidade encontram.
O suicídio esta noite seria um belo brinde
À lua que só a vermelho cheira.

Inesquecíveis lembranças, arrematam paz.
Ele grita, grita, grita...
Olhos de arrelia, laringe infectada.

Copos do vinho tinto suave,
Derramados em vísceras pouco vistas.
Fumaças, desenhadas em espirais,
Na bolsa de cada um deles.
Inconscientemente infectando...
Insconsientemente massacrando...
Inconscientemente contentando...
Inconscientemente deixados para trás, tornar-se-ão.
Resultantes das mentiras, todos eles.

A verdade é difícil de ser sentida,
Conexões são necessárias,
Desconexões, em doubro.
Despistar é favorável,
E apenas temporário.

Nikku

23 de set. de 2009

"Eu venderia a minha alma"

22 de set. de 2009

Deixe-me violar, para depois aplicares o castigo.

Nikku

21 de set. de 2009

"O sonho de vidro é segurado em meu peito até quebrar"

20 de set. de 2009

Afastamento



Abro o portão, subo as curvas retas,
Para chegar ao outro, e abrir suas trancas.
Entro no lugar sombrio e abafado
Resguardando o pó e os insetos

Subo a colina de concreto, e logo passo pelo portal
O qual me conduz ao outro mundo.

Superfície de ondas brancas
Serve de apoio aos membros.
Olho para cima, e observo uma clareira.
Ao redor, os vários socos cinzas e brancos
No azul enfadado e morto.

Procuro por alguns instantes, e acho
Ao longe, lutando pela vida,
O pequeno ponto que ofusca amarelo
Entre as várias cicatrizes cinzas e cândidas
Abaixo das letras e setas pouco visíveis.
Meus olhos lutam para saboreá-lo.
O calor desbotado que só beliscos inúteis dá
Na pele cansada e pontilhada.

Aos poucos, viro cento e oitenta graus
Para contemplar a brisa que discretamente
Me envolve com a música ao redor.
E lá, finalmente, fecho minhas janelas
Não penso em nada.
Concentro-me somente no tato
Do frio que traz a inércia.
Lá embaixo, é um mundo cansado
Inquinado pelos seres profanos.

Podera eu para sempre paralizar-me
Por este outro mundo, e nunca mais ser levado
Pelas vozes gritantes que sucumbem às outras
Sim... Hoje vai chover.

Nikku

19 de set. de 2009

Enquanto espero estas flores desabrocharem

A sua presença se oculta

Numa noite em que o último suspiro será dado.

Nikku

18 de set. de 2009

Por que você não enxerga isto?

"-Este jogo é bastante severo, não? (...)

-Uma vez que se perca algo, ele nunca retorna. (...) Seu corpo está queimando dentro de chamas escarlate."

17 de set. de 2009

Carmíneo



Noite. Estava em seu quarto, respirando lentamente. As paredes eram limpas, mas o ar, sujo. Estantes, livros, objetos espalhados. Caos ordenado. Sujeira limpa. Acordou, ouvindo o som abafado. Seus olhos abriram rapidamente. Estava tudo escuro. Ela logo pensou que eram as formigas. Revirou o rosto para cima, contemplando a cena enfadonha. Nada via, só alguns vultos, pois a caligem processava sua visão. Seus sentimentos se ajustavam ao ambiente... Como um morcego à luz do dia. Esticou suas pernas, mergulhou-as ao chão. Pôs-se simultaneamente de pé. Seus membros estavam ainda se adaptando à nova posição. Reviros e mais reviros. Suas mãos estavam gélidas, e suas pupilas, dilatadas. Expressão nenhuma se encontrava em seu rosto. A ausência de movimento no ambiente era uniforme. O barulho sorrateiro fez-se novamente. Sua percepção, então, aguçou-se. Ela levantou hipóteses do que poderia ser. “Talvez, uma mariposa a cantar,” “Um botão de flor que fora cortado,” “Os talheres dançantes da cozinha,” “O tempo que agoniza em suas feridas,” “Segundos que, à medida que passam, golpeiam o ar.”

Assim, então, inaugurou seus pés. As vozes dormiam a esta medida. Abandonou o seu quarto, seguindo corredor a frente. Contemplava as plantas que corriam ao redor das paredes. Vinhas e mais vinhas, flores rejeitadas, cogumelos esporádicos. As pinturas enroscadas às vinhas falavam de onde vinha o barulho. Não se ouvia uma palavra. Não se importavam com ela, mas queriam avisar. O corredor era imenso, e quando ela chegou ao final, viu a flor cálida debruçando-se sobre o apoio. Era uma Lycoris Radiata. Flor que controla os fios tecidos da vida. “Você quer que eu a corte?,” pensou a garota. A flor pareceu responder. Entendeu perfeitamente. “Muto bem, então. Não me darei este prazer esta noite. Não me interessa isto agora. Adeus.” E assim, deu-se as costas.

A flor, decepcionada ficou, pedindo para que aceitasse o pedido. Negação era o que fluia no ar. A flor revoltou-se. Não tinha espinhos, mas controlava os fios. Subitamente, arrastaram-se pelo chão,e a garota não percebera. Enroscaram-se em seu tornozelo. Ela não reagiu de forma alguma. O ser vermelho, então, puxou-a com agressividade, arrastando-a de volta. De suas raizes, brotaram os pêlos que subiam o corpo de sua presa. A garota continuou sem reação. Os pêlos envolviam-na rapidamente, até chegarem aos seus olhos. Perfurou as conjuntivas, agarrando o interior de suas pupilas. Ela continuava sem resistir. Mesmo que a perfuração e todo o retorcido por dentro fosse intensamente agoniante, Ela engoliu a dor em seco, em silêncio. Mesmo que sua vida estivesse sendo esvaída de si, não importava.

Os pêlos enroscavam o seu corpo todo. Seus ossos logo estavam sendo pressionados. A força era bem maior que a área. Ela sentia agora seus fluidos nitidamente. A flor gritava em cólera. De qualquer jeito, queria uma reação d’Ela. Nenhuma fora contemplada. Após as pupilas, os pêlos escalaram o cérebro. Distorciam tudo pelo interior. A garota continuava consciente, não se sabe o por quê. Os ossos logo romperam, perfurando a caixa pulmonar. Hemorragia interna. Em contraparte, seu crânio segurava o tesouro com força, ainda. O corpo fora levantado ao ar pelos pêlos, e a flor estava em êxtase. Os fios vibravam intensamente pelo ar em forma de ondas. O corpo, lentamente, era dilacerado. A pele fora rasgada lentamente, os órgãos internos, ao mesmo tempo, danificados pela pressão.

Os membros da garota não respondiam mais, pois seu pescoço fora rompido. A flor, somente após sanar seu desejo tentador, reconheceu o que tinha feito. Os fios agora não poderiam ser puxados. As raízes, não mais torcidas e desprendidas. Continuou Ela, sem reação. Seu cadáver ainda respirava. O ar fluia de seu pulmão expandido, atravessava a podre traquéia, e libertava-se. Seus olhos ainda reviravam. Suas pupilas, ainda dilatadas.

Os pêlos desprenderam-se do corpo, e ela repousou no chão. Não havia ninguém para contemplar a beleza de sua decomposição. Nem mais as vozes, que [in]felizmente nunca mais se agitariam. A flor, com o tempo, murchou. Liberdade foi tomada. O vácuo, que nunca se desmanchou, nasce aqui, e agora.

Nikku

16 de set. de 2009

Síntese

Os fragmentos de conversas eram tantos
As dúvidas não cessavam
Perguntava se tinha mente de guarda-roupa
A irritância quase se fez presente
Porém, frases outras salvaram.
O peixe azul tinha morrido, então...
Uma conexão falha...
Ódio.
Os corvos queriam uma tradução
Estavam famintos.
Silêncio, reaproveitamento, desvairar, os corvos.
“Tentarei falar com eles...”
Logo, o doce foi provado.
A morte e o chocolate.
Morrer... ?
Amanhã, sim.

Nikku

15 de set. de 2009

"Podes ouvir a contagem musical da dor, querida?"

14 de set. de 2009

"Na minha cabeça um peixe azul acabou de morrer."

13 de set. de 2009

"Vomitando inconscientemente
A respiração junto com a pele
A lâmina sacudida discretamente


Um sorriso."

Pedagogia Desnorteada

”Mamãe, hoje aprendi na escola uma coisa...”

Não entendo minha mamãe... Ela diz que eu não tenho escola, mas eu sempre lembro
de todos os dias ir para ela. Mamãe diz que minhas notas não existem, mas sempre lembro
que tiro 10,0 em quase todas as matérias. Faço coisas muito interessantes na escola. Gosto
especialmente de uma matéria que se chama “matar”. Não sei muito bem como, mas sinto
uma emoção grande quando estudo e pratico-a. Dentre outras tarefinhas, gosto de algo que
sempre fazem aqueles caras de terno que vivem no palácio. Essa tarefa tem como nome
“roubar”. Não sei por quê os adultos sempre calam minha boca quando falo disso, mas eles
são quem mais fazem-no. Uma outra coisinha que aprendi foi a trair. Os adultos sempre fazem
isso uns com os outros, ou até traem a si mesmos. Não compreendo, mas eles sempre estão
ferindo e sendo feridos, repetindo os mesmos erros. Deve ser porque é algo divertido, então,
acho que vou segui-los fazendo o mesmo! Sim, seria maravilhoso poder matar, roubar, trair e...
Espera! Falta alguma coisa. Acho que é... Aquela palavra com “S”... Ah, sim! Suicídio. Sim,
suicidar-me seria uma boa, acho que divertido, sentir aquele ventinho gostoso ao pular de
uma altura grandiosa, mas... Há um contra... Se eu suicidar-me, a quem depois vou matar,
roubar, ou até trair? Aí não vai ter mais graça, né?

Se bem que sentir a fria e ácida sensação de uma lâmina atravessando meu epitélio
seria algo inesquecível. Bom, tentarei algo que não possa tirar mais nenhum dos meus
divertimentos. O divertimento final, deixo para o final, lógico! Mas antes... Auto-infligimento. É
isso que testarei próxima vez.

Outra coisa: queria saber por que os adultos compram tanto e jogam tudo fora depois?
Ficam jogando nos rios, lagos, mares... Vejo-os matando muitos animais só com isso.
Os animais não prestam, mamãe? Só nós prestamos? E por que ninguém toma atitude nenhuma
pra melhorar isso? Eles estão contentes, é? Agora, já sei onde jogar o lixo, né, mamãe? Nas
águas! Além de me livrar do lixo, estarei fazendo uma coisinha que aprendi na escola, acho
que já te disse: matar!

Mamãe, o que são aquelas coisas que vejo no céu? Parecem pêras de metal. Quando os
homens jogam-nas para longe, elas caem na cidade dos outros e fazem um grande fogo,
luzes, uma flor de fumaça e um som forte. Quando eu crescer, quero aprender a fazer coisas daquele
tipo! Há um pequeno problema... Toda vez que jogam aquelas coisas, aparece na TV, aquela
caixinha com gente dentro apresentando. E os adultos legais que apresentam na TV
aparentam não gostar quando isso acontece. Acho que devem ter sido os adultos da outra
cidade, porque parece que onde caem aquelas coisas, eles sofrem. Fazem um sonzinho até
legal, aquelas coisas: KA-BOOM! É, acho que é assim. Divertido, não?
Mamãe, mamãe, por que aquelas outras crianças não brincam comigo? Parecem todas fracas, doentes...
Elas não tem mãe, não? Por isso moram na rua, é, mamãe? E por que os adultos da TV não gostam de tanta coisa legal que aprendo na escola?
Eles aparecem tantas vezes denunciando roubos, mortes, traições...
Mamãe, o que aprendo na escola não serve de nada? Por que a senhora não responde, hein, mamãe?

O que? Quer se divertir comigo? Espere, mamãe! Esse short era meu favorito!
Você quer brincar com minhas entranhas?
Não sei, acho que nunca vou entender os adultos.

Nikku

11 de set. de 2009

Meu

pescoço
Imóvel,
Suado.
Queria ser de creme...
Balões estrompados.
Todas as inscrições dizem,
Drogas tentam
Ar...ra... s...ta...r...
Falharam.

Nikku

10 de set. de 2009

"Mente de guarda-roupa tem sua instabilidade distorcida."

9 de set. de 2009

Dp

- Oi, filho.

-Olá, pai.

-Alguma razão em especial, filho?

-Não.

-É. Entendo-te perfeitamente.

-Não...

-Algum ressalvo?

-Sim...

-Então?

-Não...

(bloqueio)
Nikku

8 de set. de 2009

Dm

-Olá, filha.

-Oi, mãe.

-Estou sabendo de tudo.

-...

-E a vergonha?

-Ficou presa no caminho.

-... Quer mais chá?

-Não tenho vergonha para não aceitar.

Nikku

7 de set. de 2009

Quem sabe?

O fluxo de ar em suas tripas não passava de um barulho.

Abandono...

6 de set. de 2009

Branco


Ao meio da dor,
Uma nova existência em minha direção.
Esferas são aquelas, as que voam
Carregadas de descuido.
Veja! Veja!
Consumidas, logo, pela plena caligem
Alguns querem chegar mais perto
Será que conseguirão tal feito?
Com um riso,
O brilho que as envolve, falso é,
Mais do que o de um anjo caído.
Envolvem as esferas
As cores primárias
Um, dois, três.
Amarelo
Reluz nas janelas
Que conduzem à alma
Estas logo atraem-se
Pela intrigante apelação
E consumidas tornam-se.
Azul
Paz, depressão, monotonia.
Frieza, ordem, harmonia.
Vamos, vamos à fusão!
Vermelho
Aquele a quem todos temem.
A atmosfera não está agradável?
Se negativo...
Por que não tingi-la de vermelho?
Embaixo, em cima, nos lados
Todos os lugares almejados
Vamos, vamos, agora!
Não está contente?
A querida esfera diz que sim.
Por que não consentes?
Medo?
Angústia?
Dor?
Agonia?
Sorria, sorria!
Agora você é visto e humilhado por todos.
Estou ali, onde você menos espera.
Olhando-te lá de cima,
Enquanto você, lá embaixo, para sempre.


Nikku

Day Dream

Sleep... Dream...

Words so vague of meaning.

To understand them , I would like...
And, at the same time, understand you.

To daydream in your thoughts...
And rip your pain

Sleep, my dear.
Tomorrow's another day.

Chiibi

-pg. 1-



http://ingridsailor2009.deviantart.com/art/Day-Dream-Pag-01-135175858

5 de set. de 2009

Esparso


Quebrei!
Estilhaços de vidro para todos os lados.
Fragmentos desordenados,
Almas dispersas.
Logo, novos fragmentos se juntam.
Sim, é um novo ano!
Um novo começo.
Na verdade, recomeço.
Amizades vão, outras vêm
É um ciclo vicioso,
Porém nunca eterno.
Um dia, terás a resposta para várias perguntas,
Mas hoje, só há uma:
Sim, você está vivo,
E pode para sempre mais.
Então viva o hoje, o amanhã, e o para sempre.
Até que a morte vos separe: carne e espírito.
Com isto, desejo-lhe um feliz aniversário,
Caro colega.

Nikku

4 de set. de 2009

Declarar


Dissipar, controlar,
Agir, despistar,
Correr, desesperar.
Olhar, sentir,
Provar, gostar,
Escorrer, agonizar.
Agonizar, vomitar,
Despejar, deserdar,
Discorrer, despertar,
Sonhar, almejar,
Falhar, desdenhar,
Misturar, equilibrar,
Entregar, tramar.
Verbalizar, consertar,
Trabalhar, caçoar,
Humilhar, desprezar,
Desgostar, espirrar,
Alastrar, infectar.
Possuir, destruir,
Sugar, parasitar,
Reciprocar, expurgar,
Migrar, redimir.
Roubar, destroçar.
Chegar, admitir,
Encontrar, espalhar.
Extrair, matar.

Nikku



Decadência

Ela acha que está tudo bem,
Ela acha que ninguém verá
O vácuo flui em seus olhos,
A voz que agoniza para chorar

Parece que ela não sabe
Que aquelas lâminas não irão falar
O que ela quer gritar

Escrevendo palavras vazias,
Ela não percebe as pessoas,
Ela acha que aquelas serão seu abrigo,
Mas está realmente perdida em si mesma.
Sem volta,
Sem lágrimas para chorar,
Seus ossos ardem em fogo,
Queimam...
Queimam...

Sem mais cinzas
O vento não é seu amigo
Somente aquelas correntes
Que juntas dela derreterão para nunca mais...

Todos que a conheciam
Não sabiam de metade da história,
Nem ela sabia.
Somente aquelas paredes
Testemunhas do horror

Nikku

3 de set. de 2009

Vines

You think you’re so good?
Just ‘cause you have a pretty number...
You think you’re so good?
But you’re really under!

You don’t even deserve my hatred,
It would be too much for you.
You don’t even deserve my sympathy,
It would be too much for you.

In the barren scene, you’re not even valiant.
In the barren scene, you would never be worth it.
Fuck off!

Count today, how many laughs you screeched
They will never be compared to this feeling.
When I ascend, I’ve got to make sure you fall.

Now, before, and forever.
The mud in your head,
Now over the floor.
Torn, rotten, despicable, lost!
Plague!


Nikku

Gótico (Gothic)



Não havia nada além de areia até onde os olhos podiam ver...
Estou quase morrendo de sede... Sempre...

Dores e securas incuráveis...
Eu pedi para adormecer outra máscara em sua mente...

Lutei para livrar-me das correntes
Ela intensamente chicoteava meu corpo
Mas eu aguentei a dor em silencio

Não havia nada além de areia até onde os olhos podiam ver...

Como...


Como um corvo sem carniça,
Como uma música sem acordes,
Como um quarto sem paredes,
Como uma aranha sem teias,
Como um cadáver sem ossos,
Como um inseto sem sua presa,
Como uma morte sem enterro,
Como uma lápide sem inscrição,
Sou eu assim sem você.

Nikku

2 de set. de 2009

"Eu venderia a minha alma"

Caminho de Orvalho


Acordou de manhã cedo, vestiu suas meias. Sol guarnecido dos céus, pássaros vestidos de véus.
Sua alma parecia estática. Voz com taciturnidade sem ausência. Andava pelo cômodo, o qual escuro se encontrava. Coelhos não sabem cantar. As paredes de carvalho entorpeciam-no. Relógios cantavam o café da manhã. Uma voz de desprezo pairava no ar.
Existe a compreensão? O não se faz presente.
Descendo as escadas, chuva do vômito consciente. O térreo se encerra.
Espirais levitantes, encontrara ele na porta. Cômodo exposto, velas na manhã. Uma dimensão inconcebível é constatada. Frutas de parafina, peixe de tomates. Desvairar se mistura com a temperatura desmaiante.
O ser sentou na cadeira da árvore, onde comeu seu fruto. O alimento não lhe contentava. Uma lástima escrupulosa, uma deficiência indecifrável. Consolo sem existência. Vamos cantar no coro dos torniquetes.

Nikku

Lilium




O mundo oscila com o vento.







Palavras desprendem-se como a morte.
Com sua expressão cadavérica, arrasta-se na terra.
Cobra que cospe o plano coração do inocente,
Será ela, realmente a vilã?
Fragrância no ar,
Do vermelho liquido insano,
Que leva cabeças às alturas.
Os lírios desprendem-se
Sobre a passagem da montanha
Onde os cadáveres descansam,
E as formigas trepidam
Pelas insanas cabeças inúteis e cavernosas.
O céu escuro, a emoção pura do ódio no ar,
Pingos, gritos e,
Finalmente, a rosa desgraçada ruge
No cérebro explosivo da alma humana.

Nikku

1 de set. de 2009

Tormento




Aqui me encontro escrevendo coisas vagas.
Quero pular da janela e ver se encontro minhas asas.
Por favor, se não for pedir demais, corte-as!

Minhas cordas vocais me sustentam até o fim
Dentro dos meus olhos, o que você encontra?
Tenho que cantar isto pela última vez

Antes que tudo quebre, antes que tudo quebre!
Peço-lhe um favor, antes que tudo quebre,
Corte as minhas lembranças
Para longe da escuridão
Até que não consigam mais voltar
O imã não puxar
As paredes não irem buscar.
Longe, longe...
Longe, longe!

Na na na na na na na, la la la la la la...
Isso não adianta mais.
Corte, retalhe, despedace!
Posso ver agora o portão longe.

Não consigo chegar
Não consigo
Não consig
Não consi
Não cons
Não con
Não co
Não c
Não

N
...

Luzes se apagam;
Fim de cena.

Nikku