16 de dez. de 2013

Stella

Estrela queria se esparramar em alguma galáxia. Estava tão triste: sozinha naquele infinito, só desejava explodir e costurava os seus desejos com hidrogênio fulminante. Suspensa na agonia do seu negro vazio, as cadentes rodopiavam estranhas invejas que texturizavam a alma estelar, fosse ela em seus momentos de espectro elevado ou inferior.
Estrela queria um rosto como tinham os majestosos planetas. Estrela havia cansado de produzir sua própria luz: cobiçava, ao menos uma vez, que algum astro luminoso desse o ar da graça. Estrela sabia que deveria ser mais paciente. Concomitantemente, a fluidez do contato com sensações adjacentes à do isolamento era mais veemente do que a velocidade da luz que emanava. Sobrecarga.
Nunca houve música voando pelo indomável vácuo. Estrela produzia melodias visuais: regulando sua intensidade, às vezes até em código morse cantava. Tendo perfeccionado sua arte, o resto de seus dias se esvaiu como fumaça enquanto conjugava graus luminosos em inumeráveis partituras plasmáticas.
Após a fusão que parecia interminável, estrela expandiu. Estrela detonou-se. Estrela sabia de seu valor com mais convicção do que qualquer outro ser: ela tinha valor nulo.

Níkku