18 de jun. de 2014

Ia

Que de nós seria
Se a pura poesia
Não abrisse nosso coração?

Que de nós seria
Se a mais pura poesia
Não nos ensinasse com maestria
A nos perdermos da razão?

Níkku

2 de jun. de 2014

Decolagem



Aprendi que, após muito tempo, toda esta tentativa de guardar mágoa e rancor tem sido fútil. Temos tão pouco tempo na Terra, e se empenharmos o nosso espírito – ou ser – com estes venenos, só temos a perder.
Hoje a minh’alma tenta se vestir de perdão. Ela ensaia expurgar a soberba e o mal alento. Não vale a pena darmos alimento a sensações que ensejam roubar nossa sanidade, nossa integridade – ao menos as que cultivamos sóbrios.
Decidi me limpar deste ódio profundo. Diríamos que me reabilito de algo que engolia com afinco: algo que eu julgava ser meu principal escudo. E foi sim, por um vasto tempo, um bonito e negro escudo. No mais, como pedaço de frágil metal, ele foi enferrujando, sendo corroído. Como necrose, começara a invadir os meus tecidos.
Hoje apareceu-me um demônio – um divino demônio. Ele não me tentou a fazer coisas ruins. Ele, a consciência, me fez mesclar o meu âmago com uma fonte de calmaria, de decisão. Meu peito subiu como aeronave. Tentou aterrissar: foi um pouco fracassado.
  Não apareceu, ao final do expurgo, o yin e yang. Apareceu paciência. Complacência. Um sopro de mudança, música, um aguardo. Aguardo sem retorno. Perdoo e aguardo. Meu corpo soltou o peso, está quase uma pena de águia.

Níkku

29/05/2014

11 de abr. de 2014

Desbravar

Desbravador da alma demoníaca
O que farás de vez em nunca?
Procurarás salvação debaixo das asas de corvos?
Precisas realmente de um salvo conduta?
Por que não apodrecer na melancolia deste crepúsculo?
A fumaça que gira em torno de ti sabe da verdade

Continue desbravando as moléculas do abandono,
Desbravador da alma demoníaca.

Níkku

23 de jan. de 2014

Permissão

Permissão

"Todo ser humano nasce e morre sozinho, não se engane".

Delicie a solidão
Pois ela é o que tens de maior requinte.
Permita que ela flua em teu tecido como adaga flamejante,
Permita que ela tire teu ar como vácuo se formando,
Permita que ela instigue os teus pensamentos mais obscuros e profanos.
Não obstante, permita que ela te encourace da sensibilidade mais fugidia,
Permita que ela te roube de ti mesmo:
De ti e de todos ao teu redor.
Permita.

Níkku