27 de out. de 2010

Verde


Era uma menina apressada. Caminhava numa rua com prédios baixos e coloridos. Havia flores em alguns, jardins completos em outros. O céu estava escurecendo (para clarear do outro lado). Tinha um objeto metálico pendurado em seu pescoço, e sua respiração putrefata, invisível e escura soprava suas faces e cabelos negros. A maquiagem borrada remetia a um asfalto em modelagem.
Sentia seus ossos queimarem aos poucos... mesmo que o sol estivesse morrendo (por aquele dia). Olhou para os lados, não via nada que a atraísse. Passou a andar mais, deparando-se com pássaros degolados, tristes folhas ao chão. O céu parecia estar quebrando cada vez mais, e ela só pensava "Não posso parar". Correu mais, e o Ar estava começando a não fazer efeito... o oxigênio ia embora. Seus metais presos aos dedos ficavam cada vez mais gelados, e o Ar condensava ao sair de suas narinas. As árvores olhavam para ela, que cobria aos poucos os olhos com a franja. "Estão me olhando, sei que estão. Não tenho medo. São árvores. Fodam-se." O solo estava ficando claro, e o céu escuro. Aos poucos as cores estavam se invertendo. Negativo. A cabeça começou a doer, e as folhas marrons iniciaram risos em sua direção. A garota ouviu risos e mais risos, até que deu um abafado grito, caindo aos prantos.

"Não chore... estou aqui."

Nikku

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