31 de ago. de 2009

Eco

O que é o pensamento, quando não um mero vômito cerebral?
Aqueles seres, eles me contaram. Sim, contaram!
Relatarem que agora, todos os pensamentos tornar-se-ão em um.
Este um trará o fim às cores quentes.
O frio lacrará aquelas almas sem fim.
Até tudo quebrar, a rotina não cessará.
Numa escala infinita, serão dados os passos para o começo do fim.
Precisamos de mais e mais almas, cada vez mais!
O que você está olhando?
Não se sente contente?
Por que essa cara enjoada?
Não gostas de apalpar a tristeza no ar?
Neste céu...
Nem as cores sussurram mais os segredos.
Pobres cores... Cansadas de uma vida cheia de tentativas
Seguidas de falhas.
Não conseguirão fazer nascer novamente a paz que todos clamam.
Neste momento, o céu encontra-se dando seus últimos suspiros.
Parece que sua última lágrima não será suficiente
Para lavar este cheiro da face da esfera.
Finalmente, a última fagulha foi tomada pelas trevas.
Agora, a ceia poderá iniciar-se.
Um adeus seria sutil neste momento,
No entanto, nem as cores aguentam mais.
Desistem agora, e para sempre, com um grito último de sofrimento.

Nikku

30 de ago. de 2009

Música



Neres é o que se repete
Agitação nega a existência
Imobilidade nega a ausência
Vácuo já não é mais coisa sideral
Disposição anárquica é encontrada

O preto já não é mais escuro
Oh, sórdida música
Trepida nas paredes internas
Agudos, graves, medianos.

Vidro esparso
Tinta viva espalha-se
Mancha do desdém
Fruto do desvairar
Os seres vêm logo testificar
O banquete se inicia.

Oh, vigor corrompido
Atrai a todas as figuras
Inócuos em veemência
Ao inesperar,
Tragados tornam-se
E o cenário de tinta se repete

Já não é mais o mesmo,
Quando o ensejo chega,
O fruto se propaga,
Desordem total e final.

Nikku

29 de ago. de 2009

Relatório




Não consigo imaginar
Como seriam estes dias
Sem esta morbidão.
Essa vontade sufocante,
Antes que eu percebi,
Sumiu sem deixar rastros.
A luz já não ilumina mais,
O vento já não assanha mais,
A gravidade já não puxa mais.
Tudo parou,
Nada voltará a ser,
Tudo deixará de ser.
Cansado, agora estou
Cansado de não ter
No que se cansar,
Quero sair deste mundo
Quem sabe ir para um asilo.
Meu próprio juizo
Tem proporções perigosas,
Assim, sem conhecê-las
Quero saber mais e mais.
Pois gosto do que não existe,
A inexistência será o meu abrigo
Neste mundo onde nem o vento sabe
Onde levar o podre cheiro da tristeza,
Que aos poucos infecta estas mentes sem voz.

Nikku

28 de ago. de 2009

Questionário


Estes dias,
Dias estes.
Serão iguais sempre?
Diferentes sempre?

Hoje está nublado,
Logo a chuva virá,
Será que ela conseguirá
Embora lavar esta ânsia?

Dúvidas verberam
Nas paredes deste lugar sujo,
Pergunto-as se conseguem
Supor o fim dos transtornos.

Distantes estão
Minhas mãos do futuro,
Mais perto, agora
Para desbravar o amanhã,
Elas se esmorecem,
Com este sentimento que as domina.

Todos os dias,
Perguntas não cessam,
Será que foi isto
Que realmente desejei?
Será que algum dia
Algo almejei?

Não há quem responda,
E nunca haverá,
Pois quando esta atmosfera
Algum dia, se levantar
Não sobrará mais nada
Para prezar.

Nikku