30 de set. de 2009

O Silêncio Destes Dias

Ela todos os dias, quando o encontrava, fazia como se ele quase não existisse. Um “oi” sempre ele dizia, e um “olá” sempre recebia, porém, nada mais do que isto. Ela, com os outros, conversava brandamente, mas sem aproveitar muito da oportunidade, como se algo estivesse lembrando-a para não se divertir tanto. Lembrava ele dos dias em que brigavam por besteiras e depois faziam as pazes, assim ficando contentes. Hoje, nem brigar fazem, é apenas o quase eterno silêncio.
Era um dia chuvoso. Ele acabara de chegar ao colégio. Deu seus cumprimentos aos conhecidos que cruzavam lentamente pelo corredor, até a hora em que avistou-a sentada em um trecho do mesmo.Olhou ele para baixo, avistando os curtos cabelos que cobriam aqueles olhos guarnecidos de óculos. Sentiu ela a presença dele, e assim, deu um sórdido “oi, tudo bem?”, desviando sempre seu olhar.
Aprendera ele em todo este tempo de sofrimento que não responder mais seria uma boa opção. Porém, a simpatia por ela, mesmo em todas estas circunstâncias, era tanta, que ele quis responder. E foi isso que ele fez.
“Olá. Tudo,” disse, sentando ao lado dela, no chão, como todos os dias.
Ela estava a ler um de seus livros favoritos, denominado “Fortaleza Digital”, escrito pelo respeitado Dan Brown.
Ele pensou logo que queria ao menos achar algo para poder arrancar uma conversa dela, no entanto, tarefa esta era difícil, pois o nível de bloqueio interacional que ela tinha imposto contra ele era imenso.
Os olhos da garota demonstravam concentração em sua tarefa de devorar as páginas rapidamente, mas pareciam preocupados em algo que ao mesmo tempo não ficara de forma alguma em segundo plano.
Um garoto chegou e ficou de pé ao outro lado da garota. Ela logo cessou a leitura, direcionando seu olhar a ele, dando outro “bom dia”.
“Bom dia. Você sabe onde será a aula? Estou meio confuso, disseram que era na sala de multimídia, mas se não me engano, a professora tinha dito que era no laboratório...” falou o garoto, meio confuso.
“Bom dia, Ivan. Ah, sim, a aula. Bom... pelo que eu me lembre, era para ser na sala de multimídia,” respondeu ela, com um tom sereno e contente.
"Obrigado. Você fez aquela lista que o professor de química passou?” continuou Ivan a conversa.
“Sim, sim. Por quê? Está com alguma dúvida que eu possa tirar?” prestativa falou. Sempre gostava de ajudar aos colegas de classe quando em relação a questões acadêmicas. Afinal, exemplar ela era, tirando notas baixas somente em casos raros.
“É, pois tenho.” Ivan contava as dúvidas uma por uma, e nesta medida iam sendo esclarecidas estas. Os olhos da garota já não estavam vazios, pois em trabalho constante estavam, olhando hora para Ivan, outra para o caderno dele. Enquanto isto, o garoto sentado ao seu lado estava em simples indagação de como pode uma pessoa ser assim com uma, e com a outra totalmente diferente. Ele nunca entendera totalmente quanto aos aspectos psicológicos de garotas, muito menos agora iria.
“Era só isso mesmo as dúvidas, obrigado,” Ivan agradeceu.
“De nada, Ivan. Qualquer hora é só pedir,” falou a garota.
Ivan assim seguiu rumo à sala de multimídia, e ela voltou à sua leitura.
O garoto ficou estático, ainda procurando assunto, sem sucesso. Sua preocupação não causava nenhum sintoma físico, e conseqüentemente o transtorno era voltado diretamente à sua mente. Nela, perguntas e semi-respostas eram formuladas para ajudar em seu transtorno e logo tragadas eram pela insegurança. Em sua mente, seu refúgio, seu apoio, ele não encontrava mais o que queria. O que ele sentia era somente um vazio. O vazio torturava-o profundamente. Ele queria de qualquer forma acabar com isto, mas não conseguia.
Enquanto isto, na impenetrável cidadela de seus pensamentos, a garota aos poucos se incomodava com a presença do ser ao seu lado. Ela logo se levantou, pegou sua mochila, pôs-a em suas costas, e seguiu o mesmo caminho que Ivan. O garoto, ao ouvir o sinal para o começo da aula, também se pôs a andar.
Tão calados, calmos e tortuosos eram estes dias, onde o que se queria ouvir não existia. Pela primeira vez, o silêncio era algo que perturbava.

Nikku

3 comentários:

  1. Adoei seu Blog, principalmente o TEMA... Parabens

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  2. olha, o texto até q é bom, mas ja entrei em mtos sites, de poemas,textos. e eu acho q sempre tem aquele sentimentalismo, sabe, eu queria q esses blogs saissem da mesmisse sabe...

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  3. Então...teu blog me pareceu bacana mais algumas de suas escritas são bem confusas, apesar de eu ter a certeza de que pra você fazem total sentido.Bem,discordo do iMarty Turbo acho que todos nos temos a constante necessidade de amor,e uma pessoa que não ama transforma vive uma vida monotona,não digo apenas heterosexuais ou homosexuais mas também amores de amigos,então é necessario um sentimentalismo em qualquer que seja o blog,pois o blog é parte de nós =]

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